Mensagem

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sexta-feira, 30 de outubro de 2015



A infâmia inenarrável que constitui a intervenção dos norte-americanos no norte de África e Médio Oriente, nomeadamente na Síria, ficará assinalada na história como
um dos períodos mais negros da humanidade.
Ao acabar de ouvir a notícia de que os norte-americanos enviaram para a Síria, 50 soldados das suas forças especiais, a fim de apoiarem e treinarem os grupos que lutam contra o governo de Bashar al Assad, disfarçando com o artificio da luta contra o Estado Islâmico, não posso deixar de dar a conhecer dois textos sobre a Síria que clarificam a essência da obscena intervenção americana.
O primeiro, com o título “A guerra contra a Síria é por causa de Assad?”, fala de como era a sociedade Siria, da sua superioridade organizativa e funcional sobre a maioria dos países árabes irmãos.
O segundo, “Despovoamento estratégico”, é um esclarecedor texto publicado no Diário.Info, sobre informações denunciadas pelo Wikileaks de Julian Assange e que se relacionam com as catastróficas vagas de refugiados que tentam chegar à Europa e cuja percentagem de mortos é um verdadeiro problema de consciência para qualquer cidadão, por mais empedernida que seja a sua mentalidade.
Como é possível a impunidade com que os norte-americanos sacrificam milhões e milhões de seres humanos aos seus interesses geo-estratégicos e financeiros e a Europa, que se considera berço da civilização, estende-lhe a passadeira para petiscar nos restos desse sórdido repasto, é uma pergunta que permanentemente me assalta ao espirito.

A guerra contra a Síria é por causa de Assad?
Assad e a sua família pertence ao Islão tolerante da orientação Alawid.
As mulheres sírias têm os mesmos direitos que os homens ao estudo, à saúde e à educação.
Na Síria as mulheres não são obrigadas a usar burca. A Chária (lei Islâmica) é inconstitucional.
A Síria é o único país árabe com uma constituição laica e não tolera os movimentos extremistas islâmicos.
Cerca de 10% da população síria pertence a alguma das muitas confissões cristãs presentes desde sempre na vida política e social.
Noutros países árabes a população cristã não chega a 1% devido à hostilidade sofrida.
A Síria é o único país do Mediterrâneo que continua proprietário da sua empresa petrolífera, que não quis privatizar.
A Síria tem uma abertura à sociedade e cultura ocidentais como nenhum outro país árabe.
Ao longo da história houve cinco Papas de origem síria. A tolerância religiosa é única na zona.
Antes da guerra civil era o único país pacífico da zona, sem guerras nem conflitos internos.
A Síria é o único país árabe sem dívidas ao Fundo Monetário Internacional.
A Síria foi o único país do mundo que admitiu refugiados iraquianos sem nenhuma discriminação social, política ou religiosa.
Bashar Al Assad tem um suporte popular extremamente elevado.
Sabia que a Síria possui uma reserva de petróleo de 2500 milhões de barris, cuja exploração está reservada a empresas estatais?

A informação não é nova nem é surpreendente. Mas é útil juntá-la ao infindável rol dos crimes do imperialismo, para cujas ambições nenhuma tragédia humanitária é suficientemente grande.
A inundação da Europa por incontáveis vagas de refugiados pode ser o resultado do “despovoamento estratégico” da Síria levado a cabo pelos opositores ao governo do país, sugeriu o fundador de WikiLeaks.
A organização WikiLeaks, que se empenha na transparência, descortinou analisando mensagens diplomáticas «uma especulação interessante acerca do movimento de refugiados», disse Assange em entrevista a um sítio web de notícias grego, ThePressProject.
«Assim, a especulação era esta: opositores de um país empenhar-se-iam em certos momentos no despovoamento estratégico, com vista a reduzir a capacidade de combate de um governo», explicou.
O homem que tem estado associado a tantas revelações sublinhou que «quem está a fugir da Síria é predominantemente a classe média» tendo em conta que possuem «habilitações linguísticas, dinheiro, alguns relacionamentos». Engenheiros, gestores e funcionários públicos são «precisamente as classes que são necessárias para manter o governo em funcionamento», disse.
A gente síria é encorajada a fugir do seu país «pela Alemanha, dizendo que aceitará muitos, muitos refugiados, e pela Turquia, acolhendo perto de três milhões de refugiados, e dessa forma enfraquecendo de forma significativa o governo sírio», sublinhou Assange.
A Síria não é caso único na história recente na utilização da migração como arma; no decurso da guerra do Iraque a Suécia, segundo mensagens reveladas, informou os EUA de que «a aceitação de refugiados iraquianos fazia parte do seu contributo.»
O fundador de WikiLeaks disse que é uma «desgraça» que os EUA recusem acolher refugiados sírios, porque é Washington quem deveria ser responsabilizado pelas centenas de milhares de pessoas que chegam à Europa e que estão a fazer com que estados europeus fechem fronteiras entre si.
«A situação surge em resultado das políticas dos EUA, Grã-Bretanha e França no Médio Oriente, juntamente com o comportamento dos seus aliados regionais no Médio Oriente – Qatar, Turquia, Jordânia e Israel … e Arábia Saudita», disse.
Os documentos interceptados, já publicados por WikiLeaks, revelaram que os EUA vêm conspirando para derrubar o governo sírio desde 2006, assinalou Assange.
«Tentaram tornar ‘paranóico’ o governo sírio, procurando que reagisse de forma desproporcionada ao clima criado de medo e paranóia; procurando que estivesse sempre temendo golpes; procurando agudizar tensões sectárias entre sunitas e shiitas…procurando deter o investimento estrangeiro na Síria e financiando secretamente também uma diversidade de ONG’s instaladas na Síria para provocar confusão, utilizando os sauditas e o Egipto para ajudar em tudo isto,» disse.
Entretanto, quaisquer tentativas de Assad de combater o terrorismo e a expansão do Estado Islâmico era apresentadas como sinais de fraqueza e «exemplos de como o governo sírio não dispunha de efectivo controlo sobre o seu território, a fim de encorajar o derrube do governo», acrescentou.
Assange sublinhou que o povo americano nada tem a ganhar com o conflito sírio, e que apenas «as facções privadas que o impulsionaram» pode acreditar que iram ter algum benefício final.
«A CIA, evidentemente, sabe que beneficia dele. Criam um problema e depois recebem um orçamento acrescido para resolver o problema. E acontece da mesma forma com os que recebem contratos, os negociantes de armamento e os fabricantes de armas. Se não existe problema os seus orçamentos reduzem-se. Portanto, criam problemas,» explicou Assange.
Com a ingerência na Síria, Washington visou também «uma estratégia de largo alcance para enfraquecer o Hezbollah, para permitir a Israel um ainda maior controlo dos Montes Golan, e talvez também uma zona tampão; para derrubar a Síria, aliado regional do Irão; para eliminar a última base russa que resta fora da antiga União Soviética, em Tartus; para criar um percurso para um gasoduto cujo trajecto proposto vem do Qatar para a Arábia Saudita e daí através da Síria em direcção à Europa, e que irá competir com o gás russo», acrescentou Assange.
A interferência dos EUA na Síria provocou que esta se afundasse desde 2011 num conflito sangrento. Mais de 220 000 pessoas foram mortas, segundo estimativas da ONU. As forças governamentais têm combatido no decurso do conflito diversos grupos armados, incluindo a chamada “oposição moderada” apoiada pelo ocidente, e os grupos terroristas Jabhat al-Nusra e o jihadista ISIL.
Em finais de Setembro a Rússia iniciou, a pedido do Presidente Bashar Assad, ações de bombardeamento aéreo contra os terroristas na Síria, permitindo às forças governamentais desencadear uma ofensiva de larga escala, e indiciando um ponto de viragem no conflito.
ODiario.info


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

terça-feira, 6 de outubro de 2015

domingo, 27 de setembro de 2015

O NÃO "ADEUS ÀS ARMAS"!!!


QUE BELA MANEIRA DE TERMINAR UMA
      RESPONSABILIDADE ASSUMIDA      

Depois do excepcional vídeo que publico no fim deste texto, e que visualmente resume algumas das teses que fui desenvolvendo neste Blogue, reproduzo um texto de Pacheco Pereira, publicado ontem no “Público” com a particularidade de ser a mesma pessoa que me levou a escrever-lhe uma carta aberta, criticando-o severamente pelas sua declarações a favor da política norte-americana em Fevereiro de 2008.
Curiosamente o Blogue “http://olharaesquerda.blogspot.pt/” nasceu nessa altura, com a principal intenção de divulgar o documento “A sociedade dos dois décimos”, mas foi precisamente contra o texto que Pacheco Pereira escreveu naquela altura e me indignou profundamente, que resolvi enviar-lhe uma carta-aberta, aproveitando para publicitá-la, como o primeiro texto do referido Blogue.
O documento “A sociedade dos dois décimos”, cuja extraordinária e profética importância, me levou a colocá-lo num link no cabeçalho do referido Blogue (para facilitar o seu acesso), foi para mim, como um fulminante, que detonou a revelação da camuflada ideia, de através da “Globalização”, marginalizar e lançar na miséria oito décimos da população.
Esse fenómeno, que está objectivamente subjacente às consequências do neoliberalismo, colocará pouco e pouco, sub-repticiamente, a política tradicional tal como a conhecemos apoiada nos partidos, numa máquina de controlo dos poderes políticos, económicos, financeiros e militares, para gáudio de uma elite politicamente candidata à autocracia, economicamente proprietária da esmagadora maioria dos meios de produção e financeiramente beneficiária exclusiva de uma tese, que se tivesse êxito, colocaria maioria esmagadora da humanidade, na mais sórdida das misérias.
Entretanto os anos foram-se passando e nos últimos tempos, comecei a ter dificuldades de memória, que se foram agravando ao ponte de ter de perguntar à minha companheira o nome de Cavaco Silva, tornando muito difícil manter uma regularidade que justificasse a manutenção do interesse das numerosas pessoas que me honraram com a consulta às opiniões que ia expressando neste Blogue.
Por esta dolorosa razão, estou a querer dizer que aos 84 aninhos, não podem esperar de mim, mais do que posso dar e neste momento sinto-me tão fragilizado intelectualmente, que torna episodicamente um enorme sacrifício, manter a regularidade desta publicação.
Como há dias em que tudo corre normalmente, aproveitarei esse facto para publicar o que considere importante ou interessante, até porque a maioria dos meus amigos e camaradas continuam a enviar-me material tão importante e vital para a luta dos trabalhadores, que não posso deixar de o dar a conhecer.
Nem de propósito, esta deriva de orientação do Blogue que estou a expor, está a ser iniciada como já disse, com um texto de Pacheco Pereira.
Curiosamente, o primeiro texto que escrevi neste Blogue em Fevereiro de 2008, imediatamente antes de dar à estampa o texto da “Sociedade dos dois décimos”, foi uma carta aberta a Pacheco Pereira, com a abissal diferença que nela criticava severamente as suas posições pró-americanas e onde se podia ler a páginas tantas:
“Pode você iludir-se e tentar iludir quem o ouve ou lê com as bondades dos americanos, esquecendo que a "american way of life" é irrepetível em qualquer outro lugar do mundo, sem um volume de exploração dos povos, semelhante ao que os americanos praticam.
Fale da globalização, sem explicar de verdade a quem ela beneficia e a quem ela prejudica.

Fale do conforto que sente por ter evoluído politicamente num sentido que lhe permitirá agora gozar a vida e olhar para a invasão do Iraque, do Afeganistão etc.etc, com ar displicente, analisando as coisas da vida, com uma falsa consciência tranquila.”
Entretanto, o texto de Pacheco Pereira que vamos reproduzir, mostra quanta lição de vida o deve ter levado, para hoje falar e escrever, como irão ter ocasião de ler.
Esperemos que a sua evolução continue, porque sendo reconhecidamente um excepcional intelectual, o seu discurso pode ajudar muito aquela franja de pseudo-formatados em anti-comunismo perceberem que a vida acaba sempre por demonstrar a razão dos comunistas, até porque invariavelmente os “comunas” estão sempre prontos a analisar as realidades da vida, ou seja por outras palavras, estão sempre preparados para serem “religiosamente” dialéticos.
Vamos então ao que é mais importante, ou seja o vídeo e depois o texto da Pacheco Pereira.


É mau, mas quem é que quer saber?

José Pacheco Pereira -  26/09/2015 - 05:42
Portas, que desonra o honesto capacete de aço dos trabalhadores dos estaleiros, fez, antes de sair de Viana, uma prece a Santa Luzia para que ilumine os eleitores para que votem no PaF.
Eu acho que a comunicação social devia mostrar muito mais Portas e Passos e a coligação colocá-los no centro de todos os cartazes. Mais Portas até do que Passos. Mas parece que não o vai fazer, com medo que as caras assustem os eleitores e lhes lembrem que é o PSD e o CDS que estão por detrás da coligação.
Os símbolos dos partidos também estão envergonhadamente escondidos, como se o PaF fosse uma coisa nova e lustral. Mas, quem é que quer saber?
Na rua, é o engano habitual, de pessoas que não podem aparecer em público sob pena de serem insultadas. Admito que outros partidos façam o mesmo, para disfarçar fraquezas, embora a CDU seja o único que não o faz de todo. Tem gente suficiente para enquadrar os candidatos e não é recebida com hostilidade em lado nenhum. O logro, aliás mais uma mentira numa política de mentiras tão habitual como o ar que se respira, é tão evidente que não percebo que os órgãos de comunicação social, em particular a televisão, aceitem enganar objectivamente os seus espectadores apresentando-lhes “passeios de rua eleitorais” completamente artificiais, em que Passos e Portas aparecem rodeados por guarda-costas e “jotas” (que no PSD são habitualmente pagos para acompanharem as caravanas). Aliás, a campanha do PaF nada em dinheiro e muito tempo depois iremos saber que os custos de campanha, foram “por acaso” ultrapassados para o dobro. Mas, quem é que quer saber? 
Porém, dos actos eleitorais da coligação aquele que mais suscita do meu ponto de vista uma reacção mais dura foi a visita de Paulo Portas aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Como está tudo adormecido e ninguém reage a nada, aceitou-se este acto como mais um acto normal de campanha, quando ele na realidade devia infundir muita e muita preocupação e indignação. Mas quem é que quer saber?
Preocupação, porque revela uma arrogância desenvolta de quem acha que pode tudo e pode fazer tudo. Mesmo humilhar os outros, que é a essência do que aconteceu nos Estaleiros, onde muitos trabalhadores foram usados para servir de paisagem ao “sucesso” do governo, sem poderem, sob pena de perderem o seu emprego, exprimir-se livremente. Portas visitou-os com os patrões ao lado e grande cópia de jornalistas e câmaras, com o habitual chapéu de função, desta vez um capacete, batendo com os pés no chão de metal, como se fosse um general dum exército de ocupação. Mas quem é que quer saber?
Portas repetiu os mesmos números que Passos Coelho referiu numa outra visita aos mesmos Estaleiros, quando falou do “erro do passado” que “acabou em bem”. Os patrões da Martifer, por seu lado, acham que o governo pode usar as instalações de que são concessionários para a propaganda política da coligação, sem um átomo de hesitação. Por muito que se possa criticar homens como Belmiro de Azevedo ou Alexandre Soares dos Santos, duvido que aceitassem patrocinar uma sessão de propaganda do governo nos seus supermercados. 

E, no entanto, nada há de mais revelador, não só dos interesses que apoiam este governo, como das suas ideias sobre a sociedade e o papel dos trabalhadores, do que esta visita imperial num dos raros sítios onde ainda há trabalhadores. Na realidade não são os mesmos trabalhadores de antes, não tem os mesmos direitos e não ganhem os mesmos salários. Mas quem é que quer saber?
É natural que a empresa que ficou com a subconcessão dos Estaleiros, a West Sea da Martifer, não perca oportunidades em receber os governantes a quem muito deve. Seja Aguiar Branco, seja Passos Coelho, seja agora Paulo Portas. Em Maio deste ano, Passos Coelho visitou os Estaleiros e anunciou “que vai entregar à West Sea a construção de dois Navios Patrulha Oceânicos”, por ajuste directo, ou seja, sem concurso. A encomenda por ajuste directo no valor de 77 milhões, foi justificada pela “urgência”, depois da Marinha ter sido impedida de os contratar aos Estaleiros quando estes eram públicos. Mas quem é que quer saber? 
Portas passa por cima destas minudências e atira os números do “sucesso” sem hesitar, como se espera de um propagandista, Passos pelo contrário, entaramelou-se. Quando da sua visita aos Estaleiros, seguiu-se uma complicada, como é costume, explicação sobre o que é que tinha acontecido aos trabalhadores dos Estaleiros: havia 520 a trabalhar, 200 contratados, 320 subcontratados. Dos contratados, aqueles pelos quais a Martifer tinha responsabilidades, apenas 160 tinham vindo dos antigos estaleiros (que tinham 609 trabalhadores à data da privatização). Claro que, muito naturalmente, porque a vida é difícil, houve trabalhadores que pediram a rescisão do contrato e o estado pagou as respectivas indemnizações, subsídios de desemprego e reformas. Em inícios de 2014, a empresa pública em vésperas de privatização, previa para “limpar” estes trabalhadores cerca de 30 milhões de euros. À data da concessão, a Martifer prometia contratar 400 dos 609, coisa que não fez.
Agora promete dobrar o número de trabalhadores, dos 200 para os 400, “nos próximos tempos, tendo em conta que o Primeiro-Ministro acaba de anunciar que vai entregar à West Sea a construção de dois Navios Patrulha Oceânicos”. O Almirante Melo Gomes, que foi Chefe do Estado-maior da Armada, não deixou de comentar, com ironia, a “superioridade da gestão privada quando esta é financiada pelo erário público”. Mas quem é que quer saber?
Onde Portas se gaba de ter “salvo” os Estaleiros, na realidade ele quer dizer que os domou, como Pires de Lima falava das empresas de transporte quando há greves, para prometer que quando as privatizar ou concessionar, “acabam” as greves. O discurso sobre o “público” e o “privado” não é apenas sobre a eventual superioridade da gestão privada sobre a pública, é sobre como, em períodos de elevado desemprego, a privatização ajuda não só a baixar os salários como em por na ordem trabalhadores e sindicatos. Mas quem é que quer saber?
Claro que é melhor haver estaleiros a funcionar em Viana do Castelo, haver trabalhadores empregados, haver empresas a crescer com a ajuda do estado e mérito próprio, claro que tudo isso é melhor do que o seu contrário. Mas o seu contrário está longe de ser provado que iria acontecer ou poderia acontecer. Escolhas diferentes dariam resultados diferentes e, em muitos casos, bastante melhores.
Ficar desarmado porque as coisas aconteceram assim e daí inferir que não poderiam ser de outra maneira, é hoje uma maneira de pensar muito comum, mas mostra apenas interiorização e subjugação pelo poder. Depois quando correm mal, já é tarde. E há muitas destas coisas a correr mal, o melhor exemplo das quais é o Novo Banco, sobre o qual se tem seguido todo este tipo de raciocínio pela “realidade”. Mas quem é que quer saber?
O argumento é o de que foi assim, porque tinha que ser assim. Mas na verdade, não tinha que ser assim, foi assim porque se foi negligente (no Citius), se perdeu o controlo (no Novo Banco) e se fizeram asneiras (no “ir para além da troika”) ou, como no caso dos Estaleiros, porque se quis que fosse assim. Os prejuízos enormes a montante a jusante de muitas das decisões negligentes, impreparadas, imponderadas deste governo, para servir interesses e amigos, por ideologia, ou pior ainda, não podem ser justificadas pelas situações de facto que foram criadas. Algumas foram travadas pelo Tribunal Constitucional ou por outros Tribunais, outras porque o protesto teve força, outras porque estavam tão mal feitas que não passaram do papel. Mas, para mal de Portugal e dos portugueses passaram coisas demais. Mas quem é que quer saber?
Não há-de ser por mim, como aliás por muitos social-democratas que ainda sabem o que designa essa classificação política, que o PaF vai ganhar.
Contrariamente à pequena intriga de muitos gnomos dedicados ao dedo twitteiro e facebookiano da coligação, uns amadores, outros profissionais, todos a mostrar serviço, que se saiba ninguém mudou de partido, ninguém faz parte das listas de deputados do PS e ninguém espera cargos e lugares caso o PS ganhe as eleições. Mas são sensíveis à vergonha interior que muitos trabalhadores dos Estaleiros de Viana devem ter tido, ao ver Portas a usá-los.

Portas, que desonra o honesto capacete de aço dos trabalhadores dos estaleiros, fez, antes de sair de Viana, uma prece a Santa Luzia para que ilumine os eleitores para que votem no PaF. Pobre Santa Luzia que nunca deve ter sido invocada para causa tão ruim!