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segunda-feira, 28 de março de 2016

Requião cobra retomada do "Caso Banestado", escândalo-mãe da corrupção n...



CHAMO A VOSSA ATENÇÃO PARA QUANDO TERMINA ESTE VÍDEO, COMEÇA UM OUTRO COM O MESMO SENADOR, ONDE NO PASSADO MÊS DE FEVEREIRO, FEZ UMA INTERVENÇÃO IGUALMENTE ESCLARECEDORA SOBRE A GEOPOLITICA DO PETRÓLEO.
NO LADO DIREITO DESTA PÁGINA DO YOUTUBE, HÁ MAIS UNS QUANTOS VÍDEOS QUE NOS DÃO UMA VISÃO MUITO CLARA DE ALGUNS DOS PROBEMAS ACTUAIS. .

O senador Roberto Requião relembrou a "Operação Macuco", da Polícia Federal e Ministério Público Federal, que desvendou o escândalo do Banestado, quando se apurou o desvio de 124 bilhões de dólares ao exterior, através do então banco estadual do Paraná.


  

quinta-feira, 24 de março de 2016



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terça-feira, 22 de março de 2016


CUBA E A VIAGEM DO PRESIDENTE OBAMA

A coqueluche de momento da nossa comunicação social, é a visita a Cuba de Barack Obama, presidente dos Estados Unidos.
Eu ponho à vossa reflexão a seguinte questão:
Suponham que há um país, neste caso Cuba, sujeito a um bloqueio total, onde o agressor, por força das pressões internacionais, ao fim de dezenas de anos,  finge estar a aliviar a pressão e passa a autorizar os seus cidadãos a fazer turismo naquela ilha  não exclusivamente em grupo, com programas muito bem definidos e limitados, e cuja autorização prévia necessitava de uma autorização muito especial, cheia de condicionamentos e garantias e passem a poder fazer viagens individuais, desde que obedeçam oficialmente às seguintes regras:
Qualquer cidadãonorte-americano, pode legalmente viajar até Cuba, desde que “esteja envolvido num programa de tempo integral, em atividades de intercâmbio educacional para melhorar o contato com o povo cubano, o apoio a sociedade civil e promover a independência do povo cubano  das autoridades do seu país ".
Pois é!!! Esta “liberdade” foi decretada poucos dias antes da viagem a Cuba de Barack Obama, a título de ser um “avanço”, na sequência das negociações em curso que visam “normalizar” as relações entre os dois países.
Maravilha!!!
sto são os Estados Unidos da América no seu melhor!!!
O país da “democracia”, sente-se no direito de promover oficialmente a sabotagem de um governo estrangeiro, passando a facilitar a viagem individual dos seus cidadãos, na condição explicita de agir como quinta coluna, no sentido de promover o derrube do governo instituído.
Neste caso, um governo e um regime, que curiosamente existe, por força de uma Revolução que foi feita exactamente para se libertar o seu povo da escravidão a que durante séculos os mesmos tinham sujeitado.
De facto os norte-americanos devem ter sentido uma falta danada do prostíbulo que Cuba sempre fora para eles e não encontram alternativa para as belas farras que por lá se faziam e onde se ia até pelo prazer de comer uma simples sandwich, gozar as delícias da praia do Varadero e seus os resorts ou qualquer uma das 300 praias de areia branca, águas quentes e cristalinas, ou então gastar uns dólares nos casinos, escolher uma bela mulher para passar a noite e onde tudo se passava sobre o controle daquele “el dourado” das mafias norte-americanas, onde era rei, o famoso Al Capone.
Depois das mais de 600 tentativas para assassinar Fidel Castro e de um bárbaro bloqueio que dura há mais de 54 anos, decide-se alterar a estratégia e vai-se tentar com falinhas mansas, utilizando o canto de sereia do valor simbólico da família, em que a do próprio Obama serve de interprete, numa nova fase de hipócrita pacificação, tentando maliciosamente ultrapassar as dificuldades que notoriamente tem tido, para domar aquele povo, aquela Revolução.
Na realidade esta nova e artificiosa abordagem, camuflada de simpatia e desejo aparente de pacificação, é gato escondido com o rabo de fora.
De facto, a falha que constituiu o desencontro de diretrizes entre organismos oficiais, ao não terem em conta o necessário secretismo das viagens individuais de sabotagem, que tal orientação impunha, foi consequência da habitual arrogância de potência hegemónica, do posso mando e quero a que estão habituados e felizmente, redundou na clarificação das reais intenções do governo dos Estados Unidos.
Há males que vêm por bem e neste caso, esta denúncia, é um toque a rebate para quem esteja mais desatento ou propenso a acreditar nas boas intenções dos Obamas e Companhia.
Dá ideia que se estão a esquecer que defrontam um povo, que não tem a memória curta e de forma exemplar, defende tenazmente a sua dignidade e independência, sacrificando para tanto o supérfluo de uma sociedade de consumo, pelo essencial de uma sobrevivência solidária e fraterna.
A expressão mais genuína dessa solidariedade pode verificar-se no seu excepcional serviço de saúde, não só pela assistência total que dá aos seus cidadãos, como também pela formidável ajuda que dá a numerosos países mantendo, entretanto, no seu próprio país, o maior numero de médicos por habitante em todo o mundo.
Esta realidade assume foros de uma verdadeira epopeia se tivermos em consideração que no advento da Revolução Cubana restavam somente 3.000 médicos, porque os outros mais de 3.000, tinham abandonado Cuba, aliciados pelo governo de Eisenhower com condições financeiras excepcionais, no sentido de debilitar a Revolução, que estava a dar os seus primeiros passos.
Hoje nas suas 24 faculdades de medicina, onde se presta um ensino da mais elevada categoria, internacionalmente reconhecida, formam-se em média mais de 11.000 médicos anualmente, em que mais de metade têm origem em cerca de 60 paises da América Latina, África, Ásia e até mesmo dos Estados Unidos.
Enquanto estudantes, recebem uma bolsa integral e uma pequena remuneração. Apesar disso, quando terminam os cursos, não são obrigados a pagar seja o que for à instituição onde estudaram.
É este exemplo de solidariedade humana, que perturba o esquema de exploração capitalista e justifica o ódio de estimação, que o Capitalismo dedica a Cuba e ao seu povo revolucionário, desde o deflagrar tímido da epopeia de Fidel Castro na Serra Maestra, à gloriosa e triunfal marcha sobre Havana, que expulsou definitivamente Batista e os seus correligionários do poder e iniciou o processo revolucionário.
Para testemunhar muito do que foi dito sobre a saúde em Cuba, temos por felicidade um testemunho no documentário feito pelo realizador norte-americano Michael Moore no filme “SICKO”.
Este mostra na sua parte final o que se passa em Cuba no capítulo da saúde e pode ser visto neste pequeno vídeo, que é um excerto do referido filme.
 
https://www.youtube.com/watch?v=OmamoSRyWB8

Se estiver interessado em saber como são os serviços de saúde nos Estados Unidos, Canadá, França e Inglaterra, pode ver o vídeo do filme na sua totalidade, legendado em português e dura cerca de 2 horas.

segunda-feira, 21 de março de 2016


NOTICIAS DO BRASIL

Para muitos de nós, que temos tantos familiares que para lá emigraram, a situação político/económica do Brasil reveste-se de uma particular importância, agudizada agora, pelos dramáticos acontecimentos e inquietações, que por lá se estão a produzir e desenvolver.
O texto que se segue, é a mensagem de um amigo português, muito bem informado, que vive e ensina no Brasil e tem uma visão muito lúcida dos acontecimentos.
Espero que seja uma boa ajuda para consolidar as nossas opiniões, sem recurso à necessidade de decifrar a realidade, devido à falta de isenção da maioria esmagadora dos meios de comunicação social.

BRASIL QUO VADIS?
Por António Teodoro

Estou neste momento a viver em S. Paulo, o que me permite acompanhar, hora a hora, a crise brasileira, tanto por intermédio da mídia (como dizem e escrevem os nossos amigos brasileiros) como, sobretudo, pelo contacto com as pessoas, professores e estudantes na Universidade, e cidadãos de classe média alta num dos bairros mais seletos de S. Paulo. E acompanho, pelas redes sociais e o noticiário em Portugal, os ecos desta crise brasileira que, se não fosse demasiado grave e mexesse com as vidas de milhões de pessoas, podia ser considerada uma tragicomédia.
Permitam-me que dê a minha interpretação sobre o que está a suceder no Brasil e dos possíveis desenvolvimentos da situação extremamente complexa que se vive. Uma situação que, segundo descrevem os meus amigos mais velhos, é muito parecida com a dos anos que antecederam o golpe de Estado de 1964, com a diferença de que, agora, enquanto os militares estão silenciosos e com uma (aparente) postura institucional respeitadora da Constituição, são os juízes (ou uma parte do poder judicial) que se assumem como os “justiceiros” que têm a missão de regenerar o País.
Os problemas existentes decorrem diretamente de três situações próximas e já bem definidas: (i) a derrota do candidato das elites nas últimas eleições presidenciais (que, num regime presidencialista como o brasileiro, são também de Governo), a quarta consecutiva, por uma pequena margem e com uma divisão de votos muito marcada em termos de classe e de região; (ii) as consequências da Operação Lava Jato que, de uma operação judicial (e policial) de combate à corrupção, envolvendo e mostrando uma poderosa teia de financiamentos partidários e enriquecimento ilícito de agentes públicos (políticos, empresários e gestores), evoluiu para um golpe de Estado a partir de parte do sistema judicial (e policial), em conluio com a mídia conservadora (com destaque para a rede Globo e as revistas Veja e Isto É); e, (iii) uma conjugação da crise económica com uma crise de governabilidade, onde a primeira piorou a vida dos brasileiros e a segunda colocou o sistema político à beira da implosão, com alguns dos grandes empresários nacionais presos (e as suas empresas em grandes dificuldades, gerando desemprego em massa) e um número elevado de deputados e senadores indiciados por crimes de corrupção, entre os quais os presidentes das duas câmaras do poder legislativo.
 Num país com as desigualdades do Brasil, a metáfora da Casa Grande e da Sanzala (título do famoso livro do sociólogo Gilberto Freyre) ainda é a que melhor se adequa à descrição do tecido social brasileiro. As gravuras de Debret do século XIX, retratando as famílias do Rio de Janeiro passeando com os seus escravos, e as fotos daquela outra família do diretor financeiro de um grande clube de futebol, onde ele, a mulher e o caniche seguem à frente, acompanhados pela babá negra, fardada de branco, que leva os dois filhos do casal, a caminho de uma manifestação contra a Dilma e pelo impeachment, representam uma mesma realidade que mais de 150 anos ainda não conseguiu apagar. Para quem julga que estou a exagerar e essa foto representa um caso isolado, aconselho a, quando visitar S. Paulo, passear num shopping de luxo ou no bairro onde vivo.
A Casa Grande não se conformou com a derrota das últimas eleições presidenciais e temeu ainda mais a possibilidade do ex-Presidente Lula se voltar a candidatar (e poder ganhar de novo). Para que isso não pudesse acontecer, a grande mídia (mantenho o registo na escrita do português brasileiro) desenvolveu uma sistemática e persistente destruição do capital simbólico do antigo metalúrgico sindicalista (que saiu do Governo com uma aprovação superior a 80%, um valor sem precedentes na política brasileira), aproveitando muitos “rabos de palha” que, ele e sua família, e sobretudo a cúpula do PT, foram deixando e que revelam uma deterioração dos valores republicanos que deviam nortear todos aqueles que se batem por projetos de transformação social. Mas essa destruição do capital simbólico não foi suficiente. As últimas sondagens, no auge da revelação dos escândalos do “triplex do Guarujá” ou do “sítio de Atibaia” (que Lula jura que não são sua propriedade), mostram que Lula tem condições de disputar e poder ganhar de novo a Presidência da República.
 Para isso, a Casa Grande, que, politicamente, é representada por uma complexa aliança de interesses capitaneados por um partido herdeiro da Arena (o partido da ditadura militar, hoje batizado de Democratas) e do PSDB, que tem em Fernando Henrique Cardoso o seu principal símbolo (há pouco mais de um ano vi-o, na Casa de Portugal, elogiar as grandes capacidades de “estadista” e de governante lúcido, imagine-se, a Pedro Passos Coelho) e putativos candidatos como o playboy Aécio Neves, ou o militante da Opus Dei Geraldo Alckmin, decidiu lançar uma ofensiva em várias frentes:
1. Criminalizar Lula e, se necessário, prendê-lo para impedir o seu regresso à vida política ativa.
2. Concretizar o impeachment da Presidente Dilma, derrubando o seu Governo.
3. Mudar algumas opções de política económica que permita ao capital financeiro ocupar o espaço deixado pelas empresas cujos dirigentes estão presos e, sobretudo, não ter o limite do “petróleo é nosso” (vigente desde o final da II Guerra), abrindo a exploração das imensas riquezas do pré-sal às grandes multinacionais do petróleo.
4. Destruir o PT (e o seu aliado próximo, o PCdoB) e impedir que, nos tempos mais próximos, a esquerda tenha influência eleitoral e possa dirigir um país com a dimensão do Brasil.
É neste contexto que tem de ser entendida a decisão de nomear Lula Ministro da Casa Civil, ou seja, uma espécie de Primeiro Ministro nos regimes semipresidenciais, responsável pela articulação política e pela implementação do PAC (Programa de Aceleração e Crescimento). Essa entrada de Lula no Governo Dilma responde a duas necessidades imperiosas: (i) evitar a prisão preventiva de Lula, transferindo a competência da investigação e julgamento do “justiceiro” e mediático juiz de 1ª instância de Curitiba, Sérgio Moro, titular do processo da Lava Jato, para o Supremo Tribunal Federal, o único com competência para investigar e julgar titulares de órgãos de soberania; (ii) dar uma direção política à ação do Governo e reunir apoios para impedir a concretização do impeachment de Dilma.
Num depoimento publicado no Diário de Notícias de 17.03.2016, o Embaixador Seixas da Costa, que teve uma notável atuação enquanto responsável pela Embaixada de Portugal no Brasil há uns anos atrás, durante o mandato de Lula, chamou a essa entrada de Lula no Governo a “bala de prata”. Não concordo com o essencial do seu depoimento, embora concorde que esse gesto foi uma decisão muito arriscada, utilizada por Lula e Dilma para tentarem sair de um cerco extremamente apertado, onde um juiz de 1ª instância tem poderes para realizar escutas telefónicas (“grampear”) à Presidente da República, ou divulgar (“vazar”) para a comunicação social essas gravações no momento em que deixou de ter competência jurídica para acompanhar o processo; ou, onde um outro juiz de 1ª instância que, no Twiter e Facebook, se tinha vangloriado da sua participação nas manifestações anti-Dilma (postando inclusive no Facebook as inevitáveis selfies) se sente à vontade para impugnar um ato da Presidente, neste caso a nomeação de um Ministro que, legalmente, não está sequer indiciado de qualquer crime.
O uso da “bala de prata” é talvez o último recurso ao dispor de Lula e Dilma. Se perderem, caem os dois, o PT (e o conjunto da esquerda entrará em grande convulsão) e o Brasil tornar-se-á o eldorado de um neoliberalismo serôdio próprio das elites subalternas. Aqueles que acham que isto é discurso ideológico vejam qual a política que Estados que têm governadores do PSDB estão a tentar implementar (embora sem grande sucesso até agora, diga-se, devido à forte oposição de estudantes, professores e sociedade civil organizada): a entrega das escolas públicas a empresas privadas, um arremedo das charters schools, bandeira dos governos Bush pai e Bush filho nos EUA.
Os próximos dias serão decisivos. A decisão está também nas mãos daqueles que vivem na Sanzala. Até agora, quem saiu à rua e se pronuncia com os imensos meios que têm ao seu dispor, foram os que vivem na Casa Grande. A Sanzala tem estado na defensiva e silenciosa, por falta de projeto mobilizador e por desmoralização. Se Lula conseguir a mobilização da Sanzala, estabelecer pontes e alianças para alguns sectores da Casa Grande que ainda estão reticentes com o caminho que lhes é proposto, o Brasil pode retomar o caminho de transformações sociais que tiraram da miséria mais de 40 milhões de pessoas num espaço curto de uma década. Mas isso, implicará também, depois de um primeiro embate e da derrota do golpe de Estado em curso, uma renovação moral e um novo projeto político. Se Lula, o PT e as esquerdas não o fizer, a Sanzala não lhes perdoará, abandonando-os à sua sorte.
S. Paulo, madrugada de 18 de março de 2016

sábado, 19 de março de 2016


As sementes voam e crescem,
          mas é preciso cuida-las  

Por: Zillah Branco

Na Europa o processo de conscientização política se desenvolve tropeçando em contradições que uma história mal contada criou, baseada em antigos poderes e modernas exibições de riqueza. A Irlanda, amarrada ao império britânico claudica e recebe bonus para permanecer atada, a Grécia assusta-se com o peso da vontade popular e aceita novo empréstimo para manter a pobreza crescente, Portugal sai de uma eleição em que a direita teve mais votos mas foi formada no Parlamento uma maioria de esquerda que somada ao PS renovado impõe o novo governo. Foi com gentileza e sabedoria (herdada de Alvaro Cunhal), que se deu início ao pensamento político de uma união de esquerda, reconhecido com ar de espanto pela média reacionária e a velha direita atónita.
Explica-se a partir das sementes deixadas pelo processo revolucionário do 25 de Abril plantadas na Constituição, nos conceitos de democracia que circulam no interior do sistema judiciário, na memória do povo, na formação de professores e do potente movimento sindical. Estas sementes, semeadas contínuamente pelo PCP que vence as imensas dificuldades e prossegue a luta militante, a produção de uma literatura sobre a história de vida na clandestinidade e de conhecimento intelectual de nível universitário sobre as contradições do sistema dominante, a Festa do Avante que é um acontecimento nacional de cultura que atrai pessoas de todos os quadrantes políticos, e mantém viva a esquerda que atrai a atenção dos humanistas, especialmente os jovens, que querem um mundo melhor.
No interior dos partidos conservadores estas sementes valorizaram os princípios éticos de tradições religiosas ou familiares contrariando a modernidade ambiciosa e despudorada de uma direita comandada pelo imperialismo desumanizado e anti-ético. No seio do PS quando combateu as conquistas de Abril, perdendo antigos quadros que permaneceram com os princípios humanistas de origem, as contradições insuperáveis abalaram os seus jovens. A eleição de Sócrates como Primeiro Ministro pelo PS, (tendo ele sido dirigente da juventude do PSD e promovido pela média como comentador político, acentuava os compromissos dos socialistas sob o comando da direção da UE), acirrou também as contradições internas. Em um dos ùltimos Congressos, em 2013, um jovem deputado abriu os trabalhos e recomendou que "fosse feita uma auto-crítica do caminho seguido pelo PS", tendo sido muito aplaudido, enquanto que a direção da mesa tentava cortar-lhe a palavra. O site do PS, que divulgou o Congresso, omitiu o discurso inicial, deixando aos observadores a visão do problema interno de luta ideológica entre gerações.
Mesmo nas hostes da velha direita a percepção de que para superar a crise financeira os centros de poder no mundo desligaram-se dos princípios humanitários, éticos e de honra - que se constata na tortura imposta aos que fogem à destruição dos seus países e são deixados à chuva cercados por arame farpado, sejam doentes, velhos ou bebês, para que morram e não criem problemas aos mais ricos. Os abusos de poder ditatorial da Troika com intervenções direta nas decisões de governos que se mostraram subservientes ao poder externo com total desrespeito pela autonomia das nações, também chamaram a atenção de alguns políticos conservadores que preservam a dignidade nacional e a coerência humanista. A crise ética da política dominante, sempre denunciada pela esquerda, impôs-se à crise financeira contrariando a unidade da direita.
O novo Presidente de Portugal, que já vinha anteriormente como comentador político da média televisiva apontando os erros mais graves da direita, elegeu-se com a imagem de humanista em busca da coesão nacional. As suas palavras, que a média divulga até à exaustão como se fosse da sua principal estrela, parecem saídas de um conto de fadas ou da visão idílica do Paraiso. E Portugal respira ao sol da primavera que se anuncia, animando o PR a distribuir afetos de forma populista e a assumir um papel de "governante".
Sejam benvindas as expressões de fraternidade e o reconhecimento de que a esquerda existe e tem força no Portugal democrático. Já tinha quando se organizou na clandestinidade sob a ditadura de Salazar e o Marcelo daquela època, tanto foi assim que construiu a Revolução dos Cravos detonada no 25 de Abril para derrubar a ditadura. Não nos esqueçamos dos sacrifícios imensos sofridos pelos combatentes da clandestinidade enquanto os conservadores gozavam a sua liberdade alheios à história de Portugal e do seu povo. A primavera é atraente deixando atrás o inverno que cruelmente mata os bebês das famîlias que fugiram às guerras na Síria, no Afganistão, no Iraque, na Líbia, e caem no mar gelado ou ficam nas praias gregas rechassados pela Europa rica. Mas a causa de tantos sofrimentos não é o frio, mas as guerras promovidas por ambição de poder.
Os problemas deixados em Portugal pelo anterior governo submisso à Troika existem e são graves: desemprego, baixos salários, corte de pensões, serviços públicos sem recursos para atender na saúde, na educação, nos transportes, no desenvolvimento da produção. Portugal de Abril precisa ser reconstruido. Não há tempo para ficar ao sol primaveril como lagarto ouvindo os cantos de sereia do populismo. É preciso continuar a apontar as necessidades dos trabalhadores e a manifestar a exigência de um melhor governo à altura do povo que Portugal tem.

domingo, 13 de março de 2016

 

Para não tornar exageradamente extenso este texto, apelo à vossa boa vontade para lerem no texto que escrevi no meu Blogue, em 17 de Abril de 2015 com o título FIXEM ESTA PROFECIA!!! HILARYCLINTON, SERÁ A PRÓXIMA PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS.


 
Julgo que vale a pena esta recomendação, porque está lá tudo o que justifica a sua actual candidatura e os argumentos que nos convenceram a tão longa distância, que seria ela de facto a futura presidente dos Estados Unidos da América.
Na altura nada faria acreditar que no país que se considera pai da “democracia”, aparecesse um verdadeiro fascista, em condições de ser eleito presidente.
Estariam criadas condições para que assim fosse, como se pode aferir do texto de Robert Reich publicado no “Social Europe” no passado dia 9 e que pela sua importância e para facilitar a sua leitura tivemos a preocupação de o traduzir e apresenta-lo de seguida.




O FASCISTA AMERICANO

por Robert Reich  em 09 de março de 2016 

Eu tenho sido relutante em usar a palavra "fascista" para descrever Donald Trump, porque é especialmente dura e é usada  muito frequentemente com descuidada vulgaridade. Mas Trump chegou finalmente a um ponto, em que paralelos entre sua campanha presidencial e os fascistas da primeira metade do século 20 - figuras sinistras, como Benito Mussolini, Joseph Stalin, Adolf Hitler, Oswald Mosley, e Francisco Franco - são demasiado evidentes para podermos esquecer.
Não é só por Trump ter recentemente citado Mussolini (ele agora diz que esse “tweet” foi inadvertido) ou que ele ter começado a convidar os seus seguidores nos comícios a levantarem a mão direita, de forma assustadoramente semelhante à saudação nazista "Heil" (ele descarta essa comparação como sendo "ridícula ")
Os paralelos podem ir até mais longe.
Como fizeram os fascistas do início do século XX, Trump está concentrando a sua campanha apoiando-a na raiva dos trabalhadores brancos, que têm vindo sob o ponto de vista económico a perder terreno durante anos e que são presas fáceis para os demagogos, que procuram construir o seu próprio poder, fazendo dos outros bodes expiatórios. Ganhos eleitorais de Trump ter sido maior em municípios com rendimentos abaixo da média, e entre aqueles que confessam terem  piorado os seus rendimentos pessoais. Como Jeff Guo, jornalista do Washington Post tem apontado , Trump tem melhor desempenho em locais onde os brancos de meia-idade estão morrendo mais facilmente.
As tensões econômicas que há quase um século culminaram com a Grande Depressão, eram muito piores do que a maioria dos seguidores de Trump têm experimentado, mas eles sofrem em alguns aspectos problemas mais dolorosos - não têm expectativas. Muitos cresceram durante os anos 1950 e 1960, durante uma prosperidade pós-guerra que facilitou a navegação a todos os barcos.  Prosperidade que deu a seus pais, uma vida melhor. Os seguidores de Trump esperam naturalmente que eles e seus filhos também venham a experimentar melhorar a sua estabilidade econômica. Coisa que eles presentemente não têm. 
Adicionar medos e incertezas sobre terroristas que podem estar vivendo entre eles, ou que podem querer esgueirar-se através das nossas fronteiras e ampliando essa vulnerabilidade e impotência.
Os ataques verbais incendiários de Trump sobre os imigrantes mexicanos e muçulmanos - mesmo a sua relutância em se distanciar de David Duke e da Ku Klux Klan – mais não é, que seguir o velho roteiro fascista. Essa geração mais velha de fascistas não se preocupa tampouco com as prescrições políticas ou argumentos lógicos. Eles apresentam-se como homens fortes, cujo poder pessoal iria solucionar todos os males. Eles criam em torno de si cultos de personalidade, assumem a pompa da força, da confiança e da invulnerabilidade - todos servem como substitutos dos argumento racionais do pensamento.
Toda a campanha de Trump gira em torno da aparente força e confiança que tem assumido. Ele diz a seus seguidores para não se preocuparem; ele vai cuidar deles. "Se você se sentir marginalizado ..., eu mesmo assim quero o seu voto", disse aos trabalhadores em Michigan na semana passada. "Eu vou te dar um novo emprego; não se preocupe com isso. "Os velhos fascistas intimidando e ameaçando os adversários. Trump não está acima de uma estratégia semelhante. Para dar um exemplo, ele recentemente “twittou” que a família Ricketts de Chicago, agora a gastar dinheiro para derrotá-lo, " será melhor ter cuidado, porque eles têm muito a esconder."
Os velhos fascistas incitam a violência. Trump não o faz explicitamente, mas os apoiantes Trump atacaram muçulmanos, os sem-abrigo e os afro-americanos - e Trump a pesar de tudo, desculpou seu comportamento. Semanas após Trump ter começado a sua campanha alegando  falsamente que os imigrantes mexicanos estão "trazendo crime. Eles são estupradores ", dois irmãos em Boston espancaram um homem com uma vara de metal e urinaram em cima de um “sem-abrigo” de 58 anos de idade de  nacionalidade mexicana. Posteriormente  disse  a polícia "Donald Trump estava certo, todos esses imigrantes ilegais devem ser deportados." Em vez de condenar a brutalidade, Trump dispensou-se disso  dizendo  "as pessoas que estão me seguintes são muito apaixonados. Eles amam este país e querem este país para ser grande de novo ".
Depois de um punhado de simpatizantes brancos terem socado e tentado estrangular  manifestante da “Black Lives Matter” em um de seus comícios de campanha, Trump  disse que  "talvez ele devesse ter sido maltratado." Há outras semelhanças. Fascistas glorificando o poder nacional e a sua grandeza, abanando a xenofobia e a guerra. A totalidade da política externa de Trump consiste em afirmar o poder americano contra outras nações. México "vai" financiar um muro. China "irá" parar de manipular sua moeda. Em busca de seus objetivos nacionalistas, os fascistas desconsideram a lei internacional. Trump é sempre o mesmo. Recentemente, ele propôs o uso de tortura contra os terroristas e punir suas famílias, em clara violação do direito internacional.
Finalmente, os fascistas criaram as suas massas de seguidores diretamente, sem partidos políticos ou outros intermediários, estacionando entre eles e suas legiões de apoiantes. “Tweets” e comícios de Trump conseguem contornar todos os filtros. O Partido Republicano é irrelevante para a sua campanha, e ele considera os meios de comunicação como um inimigo. (Repórteres que cobrem seus comícios são mantidos atrás de uma barreira de aço.) Visualizamos Donald Trump à luz dos fascistas da primeira metade do século XX - que usaram as tensões económicas como bodes expiatórios. Outros, criado cultos de personalidade, intimidando os adversários, incitando à violência, glorificado as suas nações e desconsiderando o direito internacional, e conectando diretamente com as massas - ajuda a explicar o que Trump está fazendo e como ele está tendo sucesso.
É também por isso que Donald Trump representa um perigo tão considerável para o futuro da América e do mundo.
Esta coluna foi publicado no Blog do Robert Reich

quinta-feira, 10 de março de 2016


SUPERSTIÇÕES E CRENÇAS RELIGIOSAS

No fim deste texto publicamos um vídeo verdadeiramente impressionante.Aborda a questão da Síria, na visão de uma freira missionária na Síria, a irmã Guadalupe. Sou um ateu visceral, mas é com profundo respeito por aqueles vêm a questão religiosa de forma diferente de mim, que me proponho esclarecer uma discordância que tenho com a irmã Guadalupe, em determinada altura do seu discurso.Reconheço a surpreendente lucidez com que a irmã Guadalupe analisa as razões políticas, que estão na base da tragédia Síria.Muitas delas referenciadas por feliz coincidência (porque rapidamente se pode consultar) no ultimo texto que publicamos neste Blogue, com o título “VERDADES SOBRE A LÍBIA E A SIRIA”.A única reserva, que acima referi, resulta de a determinada altura do seu fulgurante discurso, sentir-me incomodado, com argumentos que considero tendencioso de justificar como de origem divina, o estado de espirito e os sorrisos, para não dizer a alegria de viver, que ainda conseguia manter o circulo de jovens que a rodeia.Faço-o para deixar claro, que estando de acordo com tudo o que relata, independentemente das homenagens que presto ao seu talento, à sua capacidade de sacrifício, a sua extraordinária abnegação, ao maravilhoso exemplo que a sua dedicação e amor ao próximo que representa, em consciência, não posso deixar de assinalar a minha discordância sobre a especifidade divina que ela atribui, a esse espirito de resistência.Concordo que sem essa fé, naquelas circunstâncias, tal não era possível, mas o que pretendo esclarecer, é que na minha opinião, atribuindo tal comportamento a uma entidade divina específica, desvirtua-se uma singularidade intrínseca ao ser humano, que a ciência ainda não consegue explicar.Considero que é da mesma ordem, os fenómenos que desde tempos imemoriais se podem enquadrar como resultado das práticas fetichistas, ou de fenómenos metafísicos ou transcendentais, atribuídos às mais variadas crenças e práticas religiosas, de impossível explicação científica.Temos exemplos desses no seio dos mais variados povos, das mais variadas regiões, nas mais variadas épocas da história, desde que o homem existe.Resta a cada um de nós tirar as ilações que entender do que aqui está dito e do que cada um ficar a pensar depois de ver este extraordinário vídeo.

 

sábado, 5 de março de 2016


VERDADES SOBRE A LÍBIA E A SIRIA

Preparávamo-nos para escrever mais uma vez sobre a Síria, com a tristeza e indignação que nos causa a catástrofe que assola aquele país e que a História certamente irá assinalar como dos mais injustos, cruéis e sanguinolentos conflitos, quando li um e-mail enviado por uma querida amiga, onde me falava da Líbia e dos tempos de Kadafi.
Dizia ela acerca da Líbia:
01. Não havia conta de luz na Líbia, porque a electricidade era gratuita para todos. 
02. Créditos bancários, dos bancos estatais, eram sem juros (para todos, por lei expressa).
03. Casa própria era considerada direito humano, universal, e o governo fornecia uma casa ou apartamento para cada família. 
04. Recém-casados recebiam US$ 50.000,00 para comprar casa e iniciar a vida familiar.
5. Educação e saúde eram gratuitas, da pré-escola à universidade. Antes de Kadafi: 25% dos líbios eram alfabetizados. Até o ano de 2010, 83% eram alfabetizados.
06. Agricultores iniciantes recebiam terra, casa, equipamentos, sementes e gado gratuitamente.
07. Quem não encontrou formação ou tratamento desejados recebia financiamento para ir ao exterior, adicionalmente US$ 2.300,00 mensais para moradia e carro.
08. Na compra de automóvel, o estado contribui com subvenção de 50%.
09. O preço de gasolina, o litro: 0,10 Euro = R$ 0,23.
10. Faltando emprego após a formação profissional, o estado pagava salário médio da classe até conseguir a vaga desejada.
11. A Líbia não tinha dívida externa-as reservas de U$ 150 bilhões. Após a ocupação os valores foram retidos ou desviados pelos bancos estrangeiros, incluindo investimentos em bancos estrangeiros e reservas em ouro.
12. Parte de toda venda de petróleo era directamente creditada na conta decada cidadão.
13. Mãe que dava a luz, recebia US$ 5.000,00.
14. 25 % da população líbia tem curso superior.
15. Kadhafi construiu o projecto GMMR (O Grande Rio Artificial), transportando água dos lençóis subterrâneos do Rio Nilo para as cidades e agricultura, irrigando as principais cidades do país e parte do deserto.

De imediato me assaltou ao espírito a semelhança das tragédias que avassalam estes dois países, a Síria e a Líbia.
- Ambos tinham uma população com um excepcional padrão de vida, nomeadamente a Líbia, que era indiscutivelmente o melhor de toda a África.
- Por outro lado as mulheres sírias eram particularmente bafejadas em termos árabes, já que tinham os mesmos direitos que os homens, nomeadamente no estudo,  na saúde e em muitas outras actividades.
- Do ponto de vista religioso, a Síria é o único país árabe com uma constituição laica e não tolera os movimentos extremistas islâmicos. Notavelmente na Síria a Chária (lei Islâmica) é tida como inconstitucional e as mulheres não são obrigadas a usar burca.
Cerca de 10% da população síria pertence a confissões cristãs, presentes desde sempre na vida política e social. Ao longo da história, cinco Papas tiveram a sua origem na Síria, onde a tolerância religiosa é total, o que a torna uma excepção do Magreb ao oriente árabe. Nos países árabes, a população cristã não ultrapassa o 1%, em consequência das perseguições e hostilidade que são vítimas.
- Numa prespectiva económica, a Síria tem reservas de petróleo na ordem dos 2.500 milhões de barris. A sua exploração, antes da guerra, era exclusivamente reservada a empresas do Estado. Como a Síria era proprietária de todo o seu potencial petrolífero, os seus benefícios revertiam totalmente para o povo, tal como na Líbia, embora de maneira menos directa, pelos vistos.
- A Síria tem uma abertura à sociedade e à cultura ocidental, superior a qualquer outro país árabe. Antes da guerra civil, era o único país pacífico da zona, sem guerras nem conflitos internos, chegando a admitir refugiados iraquianos sem nenhuma discriminação social, política ou religiosa. O suporte popular de Bashar Al Assad, sempre foi extremamente elevado e promete continuar a ser, como se irá confirmar brevemente em eleições já anunciadas.
- Perante estes factos, fácil será chegar à conclusão que ambos os países, a Síria e a Líbia, são vítimas da cobiça de governos que tiveram, ou presumiram que tinham, os seus interesses económicos e geoestratégicos afectados.
Curiosamente ambos, pouco tempo antes de rebentarem os conflitos, (no caso da Líbia estamos a falar de apenas dias), mantinham relações normais e até amigáveis com aqueles que hoje, são reconhecidamente os responsáveis pelas tragédias que os dilaceram.
Lembremos apenas as “fraternas” relações de Sarcozi, Belusconi com Kadafi e de uma forma geral de todos políticos ocidentais, nomeadamente dos portugueses, que pouco tempo antes o tinham convidado a visitar o nosso país, tendo estado “acampado” no Forte de S.Julião da Barra.
 - A resolução da ONU de 1973 que autorizou atacar a Líbia e proibiu a aviação Líbia de actuar, reservando o seu espaço aéreo, aconteceu “por coincidência” 3 dias depois de se ter conhecimento que  Kadafi tinha reunido com os embaixadores dos BRICS, China, Rússia e Índia e lhes anunciara que ia requisitar companhias chinesas e indianas, para substituir as ocidentais.
 De facto a Líbia, já tinha adjudicado à China gigantescas obras de construção civil (excluindo completamente os ocidentais, tal como dissera) no valor de 18 biliões de dólares, nomeadamente na rede de autoestradas, portos, aeroportos e outras infraestruturas que já nessa altura ocupavam 35.000 chineses, que foram repatriados logo que rebentaram os conflitos. A contrapartida era fornecida em petróleo.
- As razões da guerra suja que fomentaram nestes países, são várias, mas a mais “popular” era o facto dos presidentes da Líbia e da Síria serem autoritários e ditatoriais. Na realidade pretendiam juntar o útil ao agradável, isto é, em ambos os casos serviam-se daquele argumento para camuflar uma das principais intenções que era a de atingir China e a Rússia respectivamente.
De facto, no caso da Síria, Bashar El-Assad não autorizou a passagem pelo seu território do gasoduto, a partir do Qatar e Arábia Saudita para abastecer Europa de petróleo e gaz, para evitar os prejuízos que essa passagem acarretaria para a Rússia, sua aliada preferencial, habitual fornecedora da Europa, desses produtos.
Já em 2013, o Financial Times noticiava que o Qatar gastara mais de três biliões de dólares em dois anos, para patrocinar a rebelião na Síria.
- Quanto à Libia, a justificação norte-americano do ponto de vista geoestratégico, era que os colossais compromissos económicos, técnicos e financeiros assumidos, com a China, iriam objectivamente proporcionar a chegada desse país às margens do Mediterrâneo.
A justificar esta visão dos Estados Unidos e dos seus aliados mais chegados, tal proximidade da potência asiática, era um perigo potencial, tendo em consideração a sua já assinalável presença em África, onde contava com cerca de 5 milhões de técnicos, peritos e trabalhadores, apoiando o desenvolvimento de numerosos países africanos, a quem estava a fornecer mão-de-obra e financiamento em condições de equidade, bastante diferente, que tornava difícil de acompanhar pelos países “ocidentais”, ainda vestidos da sua roupagem colonialista.
- Finalmente falta acrescentar a tudo isto, o facto de Muamar Kadafi também ter cometido o mesmo erro de Sadam Hussein, ao ameaçar os Estados Unidos de deixar de vender o petróleo em dólares. Bem nos lembramos neste caso, do célebre argumento das armas de destruição maciça, que esteve na base da invasão do Iraque.
No caso da Líbia, a diferença é que Kadafi queria substituir os dólares e os euros por moeda de ouro e as interferências do Ocidente, como acima foi dito e provado, pela “interesseira” mas fraterna colaboração chinesa.
De resto, não lhe seria difícil fazê-lo, pois era sabido em relação à moeda o Banco Central da Líbia era 100% do Estado e de acordo com o FMI, estimava-se que além das imensas reservas financeiras, o banco tinha cerca de 144 toneladas de ouro em seus cofres.
Em relação à geoestratégia em geral e à economia especificamente, danados estão os chines por se verem livres das montanhas de dólares que possuem e que a proximidade de um cataclismo financeiro que se adivinha no ocidente e particularmente nos Estados Unidos, aconselha a que se desfaçam dos dólares o mais rapidamente possível